Conselhos e orientações dos Espíritos
Dois extremos do orgulho
Fazia alguns anos que um grupo espírita se reunia para estudar com os Espíritos, mas as boas comunicações que recebiam eram raras. Como a comunicação com os Espíritos é uma lei divina, todos que quiserem podem obter boas instruções. Então o diretor do grupo, percebendo que algo estava errado, propôs aos membros a evocação de Erasto para que os ajudasse a entender o que os impedia de fazer estudos proveitosos com os Espíritos que os assistem, como se fazia na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e em outros tantos grupos espíritas no século XIX.
Eis a resposta:
"Amigos,
O que vos impede de obter boas comunicações é o orgulho, que se manifesta em dois extremos: ora acreditais que sois felizes na Terra, que vos bastais, que tudo entendestes e já não precisais de ninguém; ora acreditais que sois a escória da humanidade, culpados por todos os pecados, incorrigíveis, incapazes e desprezados por Deus: orgulho de um lado, orgulho de outro.
Aquele que sabe tudo, nada tem a aprender, assim como aquele que se julga incapaz também não pode aprender. Observai as estratégias dos Espíritos dominadores que, mais inteligentes que vós, não desejam o vosso progresso. Assim sendo, evitai os pensamentos e comportamentos que surgem das ideias equivocadas a que me referi. O homem, na Terra, pela sua condição ordinária de imperfeição, está sujeito ao processo de aprendizado: erros, acertos, reparação, progresso. Admitir a própria ignorância é um passo importante, e buscar instruir-se com humildade é sabedoria.
Ah! Mas quereis ser exemplos para os outros, e assim buscais esconder a poeira debaixo do tapete! Sede bons exemplos, mas mostrando que não tendes medo de admitir as próprias imperfeições. Sede exemplos pelo esforço que empregais para vencer os vícios, as más paixões; sede exemplos quando vos colocais, mesmo contrariando vossos interesses imediatos, a serviço do bem. Não tenhais medo de aprender, pois a instrução é objetivo dos Espíritos imperfeitos, quando encarnam. Se agirdes de acordo, obtereis muito boas instruções em vosso grupo, pois os bons Espíritos não deixarão de atender a um chamado sincero. E, quando chegar a hora do regresso ao mundo dos Espíritos, estareis satisfeitos por terdes sido provados, terdes perseverado e saído vitoriosos. Mas não queirais uma vitória de mentira."
Erasto
(Psicografada em 02 de abril de 2012.)
Comunhão de pensamento
Num outro grupo, que vinha enfrentando dificuldades com o recolhimento, uma vez que alguns de seus membros sentiam sono durante as sessões, Erasto foi chamado para dar-lhes conselhos e orientações. Eis o que obtiveram:
"Meus amigos, venho dirigir-vos algumas palavras porque me foi solicitado.
A mediunidade exige, por parte daqueles que desejam exercê-la, e não me refiro somente aos médiuns, observação atenta e perseverança, e não vou insistir nesse ponto que deve estar bem claro a todos que se guiam pelo Livro dos Médiuns, ou guia dos médiuns e dos evocadores. Desejo falar-vos das influências que se operam por meio das técnicas utilizadas pelos Espíritos adversários do Espiritismo.
A comunhão de pensamentos gera na reunião condições fluídicas para o propósito a que a sessão for direcionada; cada participante deposita ali um pouco do seu desejo, que se une a outro, e a outro mais, formando uma grande cadeia, ou uma grande corrente com uma única intenção. Assim, quando desejam atacar vossas sessões, os inimigos buscam quebrar os elos da corrente, tirando o médium da reunião, como percebeis, por meio do sono.
A condição favorável às boas comunicações está na comunhão pensamento, que quer dizer pensamento comum: unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração.1 Essa comunhão gera fluidos capazes de favorecer determinados tipos de comunicação; alterados os fluidos, alteradas as comunicações.
O sono que arrebata gera um entorpecimento na consciência, tira o participante da reunião e o coloca em más condições; não raciocinando com clareza e não se ligando ao propósito da reunião, ele emite pensamentos desconexos que interferem diretamente no meio, gerando perturbação.
Até aqui falei do mecanismo, porque conheceis o suficiente sobre os fluidos para compreenderdes. Mas, como toda ação visa, com seus efeitos, a um objetivo, esses Espíritos querem enfraquecer-vos no que diz respeito à confiança na assistência dos vossos bons guias; e, uma vez que sentis dificuldade para comunicar-vos com eles, desacreditai-vos, e esmoreceis. É preciso atenção, meus amigos.
Não deveis pedir ao Espiritismo mais do que ele nos vos possa dar; o que vos coloca sempre em melhores condições para as boas comunicações são os bons sentimentos e a boa união. Se, ao término de vossas sessões, tiverdes obtido boas comunicações, senti-vos felizes, mas se for apenas para a satisfação de poderdes dizer que obtivestes boas comunicações, que se amontoam, então examinai com cuidado vossas intenções. Nós vos damos conselhos para que reflitais sobre eles com atenção e cuidado porque, se são para a vossa vida, são importantes e devem ser aproveitados.
Perseverai, amigos. Nós vos assistimos e estamos felizes por buscardes o aprendizado.
Com votos de progresso,
Erasto"
(Psicografada em 03 de novembro de 2013.)
Sobre os médiuns que se extraviaram
Alguns amigos se reuniram com objetivo de evocar alguns médiuns que serviram na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, e que em determinado momento a deixaram para fazer um trabalho à parte. Pelas comunicações que passaram a receber, como médiuns, embora assinadas com os nomes dos mesmos Espíritos que escreviam por eles na Sociedade, parece que foram iludidos por Espíritos imperfeitos, sem se darem conta disso. Após terem feito uma prece fervorosa a Deus, agradecendo pelo Espiritismo, evocaram Allan Kardec para lhes trazer conselhos e orientações iniciais. A seguinte comunicação lhes foi ditada:
"Sendo a Doutrina dos Espíritos aquela que vos convida ao progresso, os bons Espíritos são aqueles que o Senhor envia para que abram os caminhos e orientem os homens; assim, pois, médiuns! Aconselho-vos que preenchais vossa alma com a confiança em Deus e nos seus desígnios. Amadurecei-vos ao contato dos vossos guias, para que vossa sabedoria se fortaleça e vosso olhar repouse calmamente na tarefa que solicitastes como prova. Acreditai que sois investidos de uma preciosa missão: a de dominar a vós mesmos e a combater em vós as velhas paixões que asfixiam as sementes divinas, a fim de que vos torneis instrumentos úteis ao progresso. Enchei-vos de prudência, calma e seriedade; fazei do contato com os bons Espíritos o caminho para que identifiqueis e abandoneis os vossos preconceitos.
Vede que é necessário que ameis o vosso dever e suporteis vossas provas corajosamente, dulcificando os vossos corações e aprimorando o olhar. Não desanimeis ante as emboscadas que forem preparadas em vosso caminho; somente lobos caem em armadilhas para lobos.
Pensai nos médiuns que vos antecederam como vossos irmãos, e buscai sinceramente amá-los: este é um passo capital para que estejais num bom caminho e para que aproveiteis vossas provas a fim de caminhar para Deus. No entanto, meditai e trabalhai para que os erros que identificardes nos outros não venham a ser os mesmos que sucedam convosco; questionai estes que vieram antes, tendo sucumbido ao peso da tarefa, e fazei com eles um curso moral, pois uma vez dissipada a ilusão que os envolvia, eles mesmos, tomados de arrependimento, fizeram um apelo, que Deus sempre ouve, secundados pelos seus verdadeiros guias, para vos alertar e vos auxiliar. Solicitai a Deus para que vossas vistas não se deslumbrem com a aparência da verdade, mas que vos acostumeis a pensar e a refletir, pois este é o preço para todo aquele que deseja conhecer a verdade e aproximar-se de Deus. Eis o supremo apelo que por meu intermédio se faz ouvir.
Todo vosso,
Allan Kardec"
(Psicografada em 18 de abril de 2015.)
"É, pois, no seu melhoramento individual que todo espírita sincero deve trabalhar, antes de tudo. Só aquele que dominou suas más inclinações realmente tirou proveito do Espiritismo e receberá a sua recompensa." Allan Kardec2
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1 Veja-se: Revista Espírita, dezembro de 1864 - Da comunhão do pensamento - A propósito da comemoração dos mortos.
2 Revista Espírita, agosto de 1865 - O que ensina o Espiritismo