Seguis as leis de Deus?
Num grupo espírita particular, no início da sessão foi lido o item "O jugo leve", de O Evangelho segundo o Espiritismo.1
Em seguida, o Espírito do filósofo Espinosa fora evocado para auxiliar os membros do grupo a ajustar as lentes do entendimento, a fim de que possam viver de acordo com as leis de Deus.
Eis a resposta recebida:
"O sofrimento é causado pelo não cumprimento das leis de Deus; a felicidade é a consequência de sua aplicação. O homem, na busca por evitar o sofrimento e aumentar a possibilidade de satisfação dos prazeres, por vezes estabelece a sua própria regra de conduta, sem observar se tal regra, uma vez seguida, o fará verdadeiramente feliz. Entretanto, enquanto essa regra não estiver conforme com as leis de Deus, mesmo que tenha momentos de alegria pela satisfação dos sentidos físicos, o homem sofrerá e deixará de alcançar a felicidade que almeja.
Se sois espíritas cristãos e desejais sinceramente a felicidade verdadeira, observai se a vossa conduta está de acordo com o que já conheceis das leis de Deus; cogitai se não estais a seguir uma regra moral que não condiz com a que foi ensinada pelo Cristo. Lembrai que o que vos torna infeliz são as vossas imperfeições, e que um ser imperfeito jamais poderá criar leis morais mais sábias do que as vigentes no Universo, desde toda a eternidade, estabelecidas pela Inteligência suprema.
Vede se a maneira como vos conduzis não é, às mais das vezes, automática; se vosso comportamento não é geralmente uma repetição habitual, sem a devida reflexão, talvez fruto de uma má educação, da ignorância, dos maus exemplos, etc. No entanto, tendes no conhecimento de vós mesmos, no exame do móvel de vossas ações, o antídoto para esse mal, pois só então vereis com clareza o que tendes promulgado, consciente ou inconscientemente, como regra para vos conduzirdes.
Esse passo é indispensável a todo aquele que quer ser verdadeiramente livre; é somente por uma investigação minuciosa das próprias crenças, num exame sério de consciência e na análise da causa das ações e de suas consequências, que descobrireis a legislação que criastes para vós mesmos, à margem das leis de Deus. Percebereis então cada um dos artigos que constituem o princípio de vossa conduta e a causa de vossa infelicidade. Admito que não se trata de um movimento fácil, pois requer que se descubram coisas que muitas vezes se quer esconder de si mesmo, que não se tem prazer em confessar; mas é aí que se deve aplicar a severidade para convosco.2 Enquanto não fordes capazes de enumerar com clareza todos os artigos que constituem a lei de vossas ações, a regra que adotais para vos conduzir, agireis de modo inconsequente.
Todavia, uma vez tais artigos trazidos à luz da consciência, sem medo de admiti-los para vós mesmos, podereis dar o passo seguinte, que é o de ponderar, sob a luz da razão e do entendimento, as consequências da aplicação de cada um dos artigos que tendes seguido.
Quisera eu, meus amigos, que meditásseis com mais frequência a esse respeito, porque somente assim fareis um melhor juízo de vossa vida e do caminho que tendes seguido. Quando houverdes feito um inventário do que trazeis na alma, podereis então comparar o que tendes, com a lei moral, que é a regra para bem vos conduzirdes, inscrita por Deus em vossa consciência e ensinada pelo Cristo.
Duas tarefas vos cabem, se quiserdes ser felizes: deveis estudar a lei moral, mas deveis também, por esforços reiterados, ajustar a vossa conduta às leis de Deus. Sabeis que podeis buscar o auxílio dos vossos Anjos guardiões e de vossos demais Guias, para que vos esclareçam a respeito de ambas as tarefas, a fim de que vejais claro e não deixeis que os sofismas das paixões prejudiquem vossos esforços. Os bons Espíritos vos ajudarão a pesar o valor de vossos atos e vos ensinarão o que deveis fazer para transformar cada artigo do vosso código pessoal naqueles escritos por Deus. Quanto mais conformardes a vossa conduta às leis morais estabelecida por Deus de toda eternidade, aplicada em todo o Universo sem exceções, menos sofrereis e mais felizes sereis.
Logicamente quereis saber o que está na raiz desse problema do qual vos falei, e posso afirmar que é o egoísmo, mas deveis compreendê-lo bem. Trata-se de uma cegueira que faz com que o Espírito bem pouco veja para além de si mesmo e dos próprios interesses. É um encerramento da alma em si mesma que rigorosamente se opõe a obedecer a Deus e a amar o próximo. Esse vício é a negação do mandamento maior enunciado por Jesus; fazendo unicamente aquilo que quereis, não cogitais de que haja algo além da vossa visão que vos possa tornar felizes. Preocupando-vos em demasia convosco mesmos, abafais a virtude da caridade que deveria nascer e frutificar em vossa alma para tornar feliz a vossa existência. Pensai que há dois tipos de egoísmo: aquele que vos afasta do próximo e aquele que vos afasta de Deus. Combatei a ambos e sabereis amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.3
Recomendo-vos que estudeis as leis morais, guiados pelo Livro dos Espíritos, e as tomeis por vossa regra de conduta em todos os pontos ensinados pelo Cristo. Com isso, tereis material suficiente para bem refletir a respeito desse processo que vos aconselho a fazer. Despeço-me, feliz pela oportunidade que Deus nos concede."
Espinosa
(Comunicação por psicofonia, dia 3 de dezembro de 2022.)
A moral ensinada pelo Espiritismo
"A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Agir para com aos outros como quereríamos que os outros agissem para conosco mesmos, isto é, fazer o bem e não fazer o mal. Nesse princípio encontra o homem uma regra universal de conduta para as suas menores ações.
"Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria pelo desprezo das futilidades mundanas e pelo amor do próximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um de nós deve tornar-se útil, conforme as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para prová-lo. (...)"4
"A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se afasta."
"É eterna a lei de Deus?"
"Eterna e imutável como o próprio Deus."
"Onde está escrita a lei de Deus?
"Na consciência."5
"Deus estabeleceu leis plenas de sabedoria, que têm por único objetivo o bem; em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para segui-las; sua rota é traçada por sua consciência; a lei divina está gravada em seu coração; e, ao demais, Deus lhas lembra constantemente por intermédio de seus messias e seus profetas, por todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente às leis divinas, indubitavelmente evitaria os mais agudos males e viveria feliz na Terra. Se ele não o faz, é em virtude do seu livre-arbítrio, e sofre então as consequências. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, nos 4, 5, 6 e seguintes.)"6
Um apelo do Espírito de Verdade
"Venho, como outrora, entre os filhos transviados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divina. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso na Humanidade e disse: "Vinde a mim, todos vós que sofreis.
Mas os homens ingratos se desviaram do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não estão mais no corpo, a clamar: Orai e crede! pois a morte é a ressurreição, e a vida a prova escolhida, durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.
Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades."7
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1 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - O jugo leve
2 Revista Espírita, abril de 1863 - Dissertações espíritas - Sede severos para convosco e indulgente para com os outros.
3 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV - Fora da caridade não há salvação - O mandamento maior
4 O Livro dos Espíritos - Introdução ao estudo da Doutrina Espírita, VI
5 O Livro dos Espíritos - Das leis morais, cap. I - Da lei divina ou natural - Caracteres da lei natural, itens 614 a 618
6 A Gênese - A Gênese segundo o Espiritismo, cap. III - O bem e o mal - Origem do bem e do mal, item 6
7 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade, item 5.

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